quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


Elas chegaram assim: seis folhas escritas em frente e verso molhadas pela chuva. Teu endereço na correspondência, luvas de pelica, medo de abrir e chorar. Medo de abrir e relembrar coisas que eu já havia esquecido e desistir de tudo o que eu tenho construído. Elas chegaram e eu fingi que não me importei, abri o pacote, sorri bem baixinho – e lembrei das vezes que maldisse nosso ninho – e li duas folhas e vim escrever isso aqui, menina. Um poema gigante que molhou meu coração igual teu pacote estava, uma carta escrita com a letra miúda e meio amarrotada que não tive coragem de ler ainda, sabe quando a gente tem medo do que pode sentir? Guardei de novo no pacote e fui dormir. 

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