segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

meus braços esperam teu abraço e meu coração espera, freneticamente, qualquer coisa instantânea que possa dar um pane em toda essa nostalgia. 

domingo, 25 de dezembro de 2011

te escrevo - hipócrita
mas guardo
dessa poesia que escondo
como a chama que nos une
existe só a singularidade
e a saudade.

- hipócrita eu que sou.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

tênue.


Existia uma linha tênue entre a permissão e o exagero: essa linha sempre fora facilmente rompida por qualquer desatento [ou desejo a mais das permissões pré-estabelecidas.]. minha vontade que sempre fora buscar os limites possíveis da liberdade sentia-se exausta em ter que ultrapassar a linha todos os dias para poder viver como manda um pouco de sua vontade, utilizando-se assim do que devia ter-lhe por direito.

Ah, que desvario. 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

coletivo 132.



Estão derrubando tudo
Tudo o que sobrou
Tudo o que um dia teve história
Estão derrubando os grafites
As poesias ali ditas e as prosas
estão derrubando as paredes
a decoração de latas de sprays
o vidro com as assinaturas
estão derrubando todos os quartos
as janelas, a escada
e outras casas da rua.

Estão derrubando
Por que tem dinheiro,
Por que tem poder
Estão derrubando,
Se a licença deixa
não tem como vencer.

mas existem coisas
que ninguém pode derrubar
a arte, a poesia, o rap
não são prédios ortodoxos
que vão tapar.

O entulho colorido
Espalhado no chão
Vira morada, vira passarela
Para quem vem ver a destruição

E de uma coisa fica:

A arte muda e São Paulo se transforma
Mas a lembrança que guardo do que antes não estava no chão
Essa nunca morre.

bunnyranch.


Você é tão linda que eu devia me cuidar mais, penso. Devia fazer as coisas certas, devia correr para a rodoviária – não importa os empecilhos que me deixam aqui debaixo das cobertas -, devia fazer algo grande, algo forte. Espero um sms, um sinal de vida, sua, minha e nossa. Nasceu uma rosa branca no meu jardim, sempre é um bom sinal. Temo meus atos que ligam a você. A impulsividade e a loucura que me torna uma mistura de tudo o que já vivi ou presenciei [tantas coisas sobre meu âmago que me diferem do teu e deixo guardado para futuras recíprocas].
Se vier, que seja. Contanto que tenha aquele gosto que preciso sentir para estar viva. Uma paixão rápida, áspera que toca adam green ao fundo:  

"one kiss, two kiss i can make it look like that. do me dolly, rape me in the parking lot. even you have to win sometimes dear. poison needle smoker, break a broken window mind you. bind me, gag me take me to the bunnyranch. bind me gag me take me to the bunnyranch."

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

whatever.


Escrevi uma carta e não mandei, como de costume. Acumulo coisas: textos, flores, sentimentos, orquídeas de chocolate. Sabe, ana, nunca me senti tão você como agora (...) vontade de entupir de calmantes e dormir por três dias seguidos, acordar, revigora menina que a vida está ai e tem coisas que tu precisa fazer: livro novo, peça nova, cuidar dos sentimentos, cuidar do coração. A arte bate na porta e eu corro, me escondo debaixo das cobertas e atrás das xícaras de café e dos cigarros que tumultuam minhas insônias quase diárias.

Tanta coisa pra dizer que não sei como organizar, tanta coisa para contar que não sei pra quem. Voltar a fazer análise? Talvez. Gosto da pressão terapêutica um pouco. Vontade de explodir um pouco, só um pouco. Whatever. Necessidade de atenção e carinho. Um monte de sensações e sentimentos sendo expelidos e o tempo todo sem ter para onde ir. Secreção sentimental talvez, só para ser podre. Adolescência, inferno astral. Lembro que um dia disseram para minha mãe que ela tinha sorte por eu nunca ter me revoltado.
Sinto saudades de amar. 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Clichê Moderno.


Nunca deixei saberem dos meus vazios
Dos espaços em branco do exíguo da minha mente
A solidão é um prato cheio para minha dor
Aprendi desde cedo que tirar amor nos versos
É sinal de fraqueza.

Aprendi com o mundo que sonhos são irreais
No denso instante em que parei de sonhar.

Minha angústia descrevo em palavras
Que timbro com sentimentos imaginários
Tentando passar para quem sente
Lê minhas utopias e mente
Conseguir entrar em meu mundo
E compreender meu pecado.

Tachado de calores capricornianos
Vou buscando a luz que me consuma
Em estradas onde sobreviventes engolem a fé
De quem ainda acorda
Para descansar nos braços santos
Que nunca os acolhem como o combinado.

Busco principalmente a poesia
De poeta otário
Que cansou de ser sozinha
Pois é clichê poeta ser só triste
E solitário.  

Quem mente dizendo o que sente
Perde a risca do que realmente é errado.
- E sabe.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

- Se naquela época você tivesse me dito que amor dá em árvore e tivesse plantado uma no meu quintal eu estaria regando até hoje.

domingo, 10 de julho de 2011


Talvez morrer de amor passe de ser somente uma licença poética.

Se faz de turista.

Pensei tanto em você
Por não ter no que pensar
Quis um tanto te ver
E poder te abraçar
Mas ao lembrar-me do sofrer
Chorar onde você não está
Quis meu pranto adormecer
E de meu amor te exilar.

Faz tanto tempo que não beijo
Tua boca adocicada
Sinto falta dos teus seios
Das conversas de madrugada
Um abraço apertado
Promessas não compridas
Você foi embora
Me deixou sem dar na vista.

Fiquei com o coração na mão
Sem ter para quem entregar
Todo essa minha dor
Que tentei te demonstrar
Com meu carinho fortemente
Exagerada como sou
Mas você se desfez
Do meu sofrer
Do meu amor.

Garota Interrompida.

"E o quê teria dito a ela? 
 Eu nao sei, que sentia muito que não sabia como era a vida dela, mas que sabia como era querer morrer, sabia como dói sorrir quando você tenta se ajustar e não consegue, como você se fere por fora tentando matar o que tem dentro..."

domingo, 19 de junho de 2011

- 2010 foi o melhor ano da minha vida.
- Por que?
- Eu tinha ela, tinha emprego, primeiro livro... Emoções tão bonitas... Doia tão pouco as minhas feridas. Não fumava, bebia raramente, não tomava remédios, não me fechava tanto dentro de mim. Era pura, inocente, achava que as pessoas tinham jeito e que o mundo podia ainda ser bonito...
- E hoje?
- Mal acredito em mim.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O sabor do âmago na língua.

Quis de tudo ser teu apelo
Mais profundo e profano
Saborear teu sexo
Com meu desejo insano
Banhar-me em teu calor
Suor amargo de mulher
Fazer-te ser quem quer
Na carícia de meus braços
Ignorar teus dramas
Dar-te todos meus abraços
Amassos
Numa noite de frio e luar.  

Quis ser o teu medo de perca
A mudança de espírito
Ligação entre o ar e a terra
Quis criar mil artifícios
Para te segurar nas minhas garras
Inventar todas as mentiras
E você cair nas minhas tramas
Fazer-te minha para sempre.

E na contagem irregular dos meus números
Mudar as linhas anuais
Que entrei em contato com tua alma
Quis que você criasse meu sonho
E não fizesse um pesadelo.

"Ver o amor como um abraço curto para não sufocar..."

Vivência perdida, marginalidade estampada, juventude transviada. Inconstante, sentimentos vagos diluídos nas bitucas dos meus cigarros. Amor demais não correspondido, pseudo-correspondido por nunca ter sido realmente alcançado. Meu desejo é pular em cima dela e implorar para me deixar ser o centro de teu corpo, para abrigar teu coração como se fosse a segunda parte dividida em outra essência. O não poder mudar a ordem das coisas é o que mais machuca, não poder invadir os pensamentos do outro e fazê-lo corresponder minha intensa paixão.
Tenho medo da solidão, preciso filtrar todas as emoções. Dentro de mim existe algo que sempre acaba transformando amores em apelos ausentes e imaculados. Queria acreditar que tudo está bem, de verdade, que ao menos vai ficar bem. Mas o recorrer desse ciclo vicioso me cansa e consome.
Que você então vire apenas uma lembrança boa que se pereu no meoi da nostalgia diária, das tentativas falidas de se adaptar a visão distorcida de amor do outro, ao medo da rebelião sentimental e da falta de paciência.
Se é para amar, que seje até o infinito.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Não se pode controlar o que sente.

"Confesso que me dá uma saudade irracional de você. E tenho vontade de voltar atrás, de ligar, de te dizer mil coisas, e cair em suas mãos, sem me importar com nada, simplesmente entregar-te meu coração. Mas não, renuncio, me controlo e digo para mim mesmo que não é assim, que não pode ser, que você se foi, e não volta."

- Caio F. 

Sobre sofrer por amor.

Que espanque o que me resta de carinho e dilua no que me resta de amor.
Foda o que me resta de compaixão. Desligue o que me resta de pensamentos.
Destrua o que me resta de ciúmes, violente o que me resta de futuro.


Cuide do peito de quem te remói.

E me deixe cultivar a ilusão.

Sem fugir.

"Caia na realidade, fada
Olha bem na minha cara
Me confessa que gostou
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro, do meu som
Dos meus toques pra você mudar."

Não se pode mudar o que se sente. 

Faz parte do meu show...

Meu amor...

Te disse tantas coisas que já me esqueci, por pura proteção. Mas, além de dizer, pesaram milhões pela minha cabeça tumultuada, pensamentos estes que não se permitiram sair pela minha boca azeda cheia de medo das circunstâncias, ocorrências dos meus atos quase falidos. Liberdade é uma coisa tola que invade a mente da gente. Queria cantar, mas não consigo, queria atuar, mas não posso. Nasci para ser o roteiro, a platéia, que aplaude mesmo que não goste da peça, para não magoar quem se sentiu exausto com isso.

Sou feita de sentimentos, às vezes acho que o que eu sou hoje é o resultado desse tanto de carinho e afeição que eu sinto pelas pessoas sem me privar, racionar, colocar em segundo plano. Amar pela metade está fora dos meus ideiais, viver de mentiras acrescentado do voar com os pés no chão de um texto do Wilde. Se é para ser, seja. Acrescente a dor ao amor para ser real, para ser vivo e humano.

Cansada de chorar oceanos por amores que não me pertencem, por pessoas feitas para outras que se deixam invadir meu peito e levar coisas boas que estão tão escondidas de mim que não posso tocar e encontrar. Não consigo não vampirizar. 

terça-feira, 14 de junho de 2011

Medo de morrer.


Quando eu não tinha nada, não tinha o que perder, então nunca consegui ter medo da morte. E, por vezes, até desejei cegamente, como se fosse a única forma de me despregar do que estava doendo dentro de mim e que jamais iria embora, pois era firme, fixo, interno e intacto. Não que eu tenha adquirido algo que a perda me doeria infinitamente. Só sinto que minha ausência não traria tantos desconfortos como achei, na minha vã inocência há tempos atrás, que traria. As pessoas mudam diariamente, talvez até por hora. A importância delas vai se esvaindo, sumindo no meio de coisas que são colocadas em maior prioridade. Cartão de crédito, contas de casa, parcelas...
Quando não acreditava em nada que não podia ver, ficava menos paranóica. Me disseram algo sobre Cristãos serem esquizofrênicos por natureza, isso faz muito sentido. E ateus, são o quê? Sempre achei que religião é o início de um monte de problemas do mundo.
Energias ruins me rondam na última semana. Sinto que sou um turbilhão de sentimentos sem divisões exatas nos meios das extremidades, sem definição e controle. Só sinto e só amo, só gosto e só desejo. Isso em doses altas, fortes, decisivas. Não consigo colocar um limite nisso e nem julgar se as conseqüências de certos atos que cometo involuntariamente – ou não – são melhores que os prazeres que o mesmo obtém. Não consigo amar só um pouco, pela metade, sem desejar o inteiro e sem desejar, principalmente, consumir até a última molécula do corpo da outra pessoa. Conhecer por completo, decifrar os enigmas que um cérebro humano pode ter.
Não consigo mais escrever.


domingo, 5 de junho de 2011

Sobre eu mesma.


Com tudo o que me resta de afeição romântico-amorosa pela tua pessoa escrevo-te uma carta fria, seca e sem dor exposta para me proteger do fim. Chove águas lamacentas no meu jardim enquanto acendo outro cigarro e penso no clown mais ridículo do que o normal que é minha mente e tuas visões distorcidas das coisas, nossas visões que juntas recriam o medo de amar.
Não posso agüentar amores pela metade, verdades e mentiras tão confusas que não conseguem ser distintas numa linha tênue de sentimentalismo bobo. Meu amor é preso, poético, monogâmico e verdadeiro, quase extinto. O teu necessita de uma liberdade inexistente quando se ocupa da primeira parte. Amar é ser idiota, imbecil, fútil e vulnerável. Um dia disse para ti que cheguei a um ponto em que você conseguiria me destruir com uma só palavra. Eu cheguei realmente, consegui alcançar o orgasmo romântico de um relacionamento quase (im)perfeito. Em nós você nunca terá esse gosto.
Não se proteja, não se proteja da vida por que ela vai um dia ou outro pular no teu pescoço com suas unhas gigantes e te apunhalar, o amor é fodido, a vida é. Não tenho mais toda aquela visão bonita e Shakespeareana de relacionamentos perfeitos. Só quero salvar a minha, a minha bosta de vida.

Mas eu te amo.
Como a mim.

sábado, 4 de junho de 2011

Fato. 

"Eu quero tudo, TUDINHO, no próximo motel. Por mar, por terra...

Ou via embratel."

E o meu novo nome é: UM ESTRANHO QUE LHE QUER.

- Cazuza.

Sobre ter e não ter.

Nunca te disse, por medo ou revolta, birra ou só folga. Mas tenho medo que você volte, e como eu tenho. Tenho medo da intensidade do meu querer, este só será demonstrado devidamente quando meus olhos poderem tocar os teus e eu relembrar - Não pense que esqueci. - de tudo aquilo que um dia senti (E, Senhor, como tentei me esquecer.). Lembras dos contornos que insistem em me absorver da culpa imaculada e da saudade de te ter.
Passei a pensar devidamente em desistir de tudo, por ti, meu bem. No dia em que pensei que morrer de amor nunca passaria de uma licença poética me veio a prova da mentira, da prova que tudo era falso, que tudo o que dentro de mim fazia o máximo sentido enquanto eu vivia aquilo, de fora era o apice da estupidez humana. Querer e não poder. Ter e não TE ter.
Como poetas cegos e gritam para o mundo VER o que a poesia quer enchergar e não consegue. E era assim, devagar, na mira, no veneno capriconiano com doses leoninas que tentei por tempos ilesos te mostrar o quanto um dia o amor queimou.
E nunca mais cicatrizou.

MALDITO.

"O nosso amor a gente inventa."

Que seja. Palavras sortidas no meio do ilusitado das nossas mentes, palavras criadas e não pensadas antes de serem reproduzidas por nossas bocas sujas antes só caladas ou pronunciadas num silêncio quase intacto e perfeito. Na maioria das vezes o calar das coisas chegam a dizer muito mais do que palavras fúteis criadas pelo ser humano defeituoso.
Precisamos dar nome a tudo, a um sentimento que não tem nome, definição ou espaço no tempo, precisamos dar nome a esse silêncio.
Quando o querer chega ao ápice, orgasmo sentimental e o gozo é quente ainda, chamamos isso tudo de amor, o que resta, sobra, só acrescenta e não retém. Por que NAQUELE momento a outra pessoa vive o mesmo que a gente, partilha os mesmos sonhos & pensamentos, ideais paranormais ou não, só ideias, só palavras, só gostos e formas perdidas no meio de tudo. Quando o tempo passa e isso se diferencia do que era antes... Perde o sentido, a delicadadeza, a sutileza e os modos certos para distinguir o sentimento. Gozo frio. Daí é como se tivesse nunca tivesse existido.

"O nosso amor a gente inventa
  Para se distrair 
  E quando acaba a gente pensa
  Que ele nunca existiu."

 Acende um cigarro. Quer continuar a criar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Crisis.

Sempre acontece.

Puto.

Puto! - Só pensei. Pois de novo ele me olhava com aqueles olhos que dizia tantas, tantas coisas e que dava nome ao silêncio da minha vida. Queria que eu acreditasse que sabia sobre mim coisas que eu desconhecia ou só não queria saber por pura proteção. Eu tinha vontade, Senhor, como eu tinha vontade de gritar para ele parar com todo esse terror incendiário. Tinha, tenho, estou tendo. Mas o maldito me olha de novo com carinho bombardeando meu peito e meus sentimentos, maldito, maldito, puto!
Talvez faça o mesmo só que sem reparar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

É impossível amar e sair ileso.

Os dias carretam uma coisa sem graça, normal, sem sal e nem açúcar, sem poesia e sem nenhuma novidade. Isso dói, não tanto, só traz a inércia que permanece em tudo o que eu penso. Consigo prever muita coisa, muitas atitudes dos outros e de mim. Queria uma coisa nova, com sabor diferente que me fizesse ter vontade de continuar a remar, como dizia o Caio, Re-amar.
Talvez eu goste das partidas, quando caem. Os laços quando se quebram no ápice, por que no fundo essa é a única maneira de manter um sentimento para a eternidade: Quebrando no ápice, rompendo quando está enorme. Apaixonável e poético.


Eu quero outra coisa.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Passado.


O caminho eu já sabia, as pessoas na rua, sujas, imóveis e tristes. Elas eram os mesmos de oito meses atrás, os números estão ficando cada vez maiores e nessa época eu ainda não pensava que um dia deixaria minha esperança. Talvez soubessem coisas sobre elas mesmas que não queriam demonstrar, mas havia uma grande probabilidade de ignorarem a própria ignorância. Estava chegando e minha tensão foi aumentando, ela não estaria lá, mas eu não sabia como que reagiria ao choque. Mal, foi mal. Minutos esperando que pareciam ser séculos, minhas mãos suavam, meu cérebro demorava para digerir tudo o que eu precisava dizer para causar boa impressão, aquela que: “Ela parece tão bem agora, ganhou aquele charme de pessoa-madura-que-teve-um-grande-amor-perdido.”
Não sei se consegui, não disse nada, cabeça baixa, disse a que vim. Tudo se resolveu em menos de dez minutos. Saí de lá querendo chorar, lembranças demais tateavam minha mente, o primeiro beijo, a primeira transa. Toalha dela do varal. Realmente quis chorar, mas não consegui. Seria sincero demais. E ultimamente sinceridade era algo fora do meu vocabulário.
Por dentro queria um bilhete, dizendo qualquer coisa. Esperava, ainda, realmente esperava. As esperas doíam tanto, a ausência que tinha um gosto azedo e ruim. Saudade não existia. Mas doía. Corpo dolorido, coração despedaçado.

Contei no caminho: “Um dia você vai encontrar um grande amor. E, deixá-la, por mais que hoje não pareça foi à maior dor que eu já senti na vida.”

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Virginia Woolf.


Alecrim.

Esperei você ligar, você não ligou. Deprimida e meio cansada de tudo, light, acendi um incenso não me lembro do quê. Sozinha no meu quarto, com os meus pés tocando aquela manta que continua sendo minha preferida. Estava um cheiro bom, daí acendi um cigarro, ficou aquela mistura, Alecrim, lembrei. O incenso era de Alecrim. Misturou cigarro com Alecrim, por falar nisso, estão acabando, só faltam cinco, duas vezes com o mesmo desenho atrás, será um indício? Morte. Os números vão crescendo ou diminuindo, minha idade, meu medo, minha loucura, minhas miligramas.  
Pensei em te ligar, mas não tinha como. Preferi pensar que você queria, queria tanto ouvir minha voz, mas não tinha como também, eufemismo me domina. Segundo dia, onde vamos parar? Queria rir ou chorar, mas não conseguia. Chamar-te para vir me ver, vai ser bonito. Lá tem flores, folhas, você sabe que eu gosto. Principalmente agora nessa minha fase mais psíquico-espiritual. Comprei umas pedras novas ontem, são bonitas, brilham e trazem uma energia boa.
Amanhã é um dia bom, alegre, sexta-feira tem clown, me inspira tanto. Teatro, gente intelectualizada fazendo o ridículo para fugir do marasmo e da nostalgia dos seus cotidianos. Perdi alguma coisa dentro de mim, faz tanto tempo que não lembro se um dia realmente tive essa coisa. Talvez coragem, revolta eu tenho de sobra, poesia só de vezenquando.
Não sei mais o que dizer.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sobre Ela.

- Ela me ama, eu sei.
- Sabe? Voltou a sentir?
- Voltei.
- Quando?
- No instante que ela disse adeus.
- Como?
- Depois de todo o drama ela parou, respirou, senti que ela quis chorar, mas segurou. Talvez para que eu não pensasse que ela é fraca. Disse que tinha medo, num tom baixo e eu disse que também tinha, senti um suspiro, um silêncio. Um "Eu te amo" tão sincero, puro e bonito que do outro lado da linha me veio o cheiro de Alfazema. Nesse instante tudo voltou, tudo o que eu achei que tivesse sido perdido, mas só havia ficado numa parte de nós que ficara intocável. Então voltei a sentir, nesse segundo, que é verdadeiro de novo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

06.05.11 - Ou não.


Ele sabia que um dia esse dia ia chegar, todo mundo dizia: Ela não é mulher para você, ela é livre, leve e solta. E você, o que é? Um poeta tristonho. Mas quando chegou o dia, ele não sabia o que fazer. Ela chegou no horário de sempre, na madrugada, enquanto ele só estava tateando as teclas surdas da máquina de escrever suas palavras de sempre. Ela entrou e não disse nada, abriu o guarda-roupa, pegou umas coisas e colocou numa mochila velha, a maquiagem borrada, o batom quase seco, ela disse: Eu não agüento mais.
Ele não teve tempo de perguntar o que era que ela não agüentava mais, por que logo ela foi dizendo o que parecia estar engasgado nela fazia muito tempo. Disse que não conseguia mais encarar o olhar árduo e seco dele, a falta de carinho, o silêncio, começou a gritar palavras desesperadas, ele continuava sem saber o que fazer, então continuou só a escrever enquanto todo aquele escarcéu romântico-podre-poético estava acontecendo. Uísque no chão, bituca de cigarro tirada da boca e jogada no chão. ESTÁ PRESTANDO ATENÇÃO NO QUE EU ESTOU DIZENDO? Ela começou a jogar na cara dele coisas antigas, como o esquecimento do aniversário de quantos anos mesmo de casamento? Disse também das trepadas desenfreadas com os caras do movimento, Marcos, aquele do moicano, Renato, o da cocaína, tinha também outros, que por sinal, meu deus, trepavam muito melhor do que ele. E nesse tempo todo, o que você fazia, seu filho da puta? Comia as palavras.

Sabe, a vida é sexo em brasa, e, ultimamente só tem uma criatura que anda me comendo: O tempo. 

09.05.11 - Ainda me restava a esperança.


A gente nunca sabe o que o outro está sentindo, o quão grande é a dor dele. Tem gente boa mandando vibrações para você, meu anjo. Gente boa de verdade. Queria acreditar um pouco em Deus – Vou escrever com medida de respeito dessa vez. – só para poder rezar para você. Ontem o surto foi terrível, cheio de borboletas negras, elas queriam que eu morresse, eu queria morrer, pareceu à alternativa mais viável, não mais fácil, e sim mais racional, eu estou exausta da podridão universal, de gente traumatizando sexo, traumatizando a mente e a si mesmo. Ontem não consegui dormir, eu tenho medo de dormir quando as borboletas negras aparecem, sempre tenho sonhos ruins. E tive, como clichê. Estava matando pessoas no ônibus, ninguém descobriu. Eu achava que quando sonhamos que matamos pessoas é um suicídio imaculado, não sei se eu tenho razão. Eu pensei que a vida é um punhado de coisas ruins, não de lantejoulas. Minha mãe está mal, eu sei que está, queria rezar para ela também, mas não consigo falar com esse Deus, tenho traumas demais dele, meu senhor. O que você fez por mim? O que eu fiz por você? Religião é o maior problema do universo. Eu estou fraca, apelativa, queria chorar mas não consigo. Sexta feira ainda está longe, queria te abraçar, você tem gosto de amor, eu adoro gosto de coisa bonita. 
Queria você, queria ser segura, queria ser feliz.

Por favor: Don’t  let me down.

"Angústia é fala entupida."

- Ana C.

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

Tensão, gripe e febre. Cigarros acabando, gosto ruim na boca, azedo de desgosto, medo e ansiedade. Hoje é um dia decisivo e eu não me preparei psicológicamente para isso. Sei que vou chorar, sei que vai ser como um oceano, mas não consigo evitar, não posso mudar. Dói como sempre, o início do filme é sempre bonito, diferente, mas depois tudo fica sempre igual. O mocinho - No caso o Amor - acaba morrendo no final. Telefone poderia tocar logo, diminuiria a tensão misturada com a angústia.
Queria amar menos, me preocupar menos. Por que tinha que ser de Capricórnio, meu deus? Se fosse de Aquário as coisas seriam mais fáceis. Cansei de dizer a mesma lenga-lenga de sempre sobre minha exaustão vivencial, não quero mais morrer nem nada.

Tenho que pegar o pote de ouro no final do arco-íris que mais parece uma guerra.

Se vou conseguir chegar até lá, não sei. Mas, pelo menos tentei... 

domingo, 22 de maio de 2011

Ando apaixonada.

Por você, Ana. E agora, o que eu faço?

Tio Henry.

"Lado a lado com a espécie humana corre outra raça de seres, os inumanos, a raça dos artistas que, incitados por desconhecidos impulsos, tomam a massa sem vida da humanidade e, pela febre e pelo fermento com que a impregnam, transformam a massa úmida em pão, e o pão em vinho, e o vinho em canção. Do composto morto e da escória inerte criam uma canção que contagia. Vejo esta outra raça de indivíduos esquadrinhando o universo, virando tudo de cabeça para baixo, os pés sempre se movendo em sangue e lágrimas, as mãos sempre vazias, sempre se estendendo na tentativa de agarrar o além, o deus inatingível: matando tudo ao seu alcance que lhe rói as entranhas (...) Um homem que pertence a essa raça precisa ficar em pé no lugar alto, com palavras desconexas na boca, e arrancar as próprias entranhas. É certo e justo, porque ele precisa! E tudo quanto fique aquém dessa aterrorizador espetáculo, tudo quanto seja menos sobressaltante, menos tetrificante, menos louco, menos delirante, menos contagiante, não é arte. O resto é falsificação. O resto é humano. O resto pertence à vida e à ausencia de vida."

Devaneio para minha tristeza.


Vai embora
Saí daqui
Não te quero mais
Dentro de mim
Sou fugaz
Agora triste
A pureza me insiste
Em lembrar-me de um beijo teu
Que ficou na memória do meu adeus.

Tua ausência me trouxe a dor
A felicidade que teu corpo me causou
Foi embora com minhas esperanças
De querer-me bem
Dentro de ti.

Só sei que agora de criança
Passei a ser eu
Teu amor é um desejo vago
Inexistente na realidade
Que predomina o gosto árduo
Da solidão.

Carolina Moreira.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cosmos.



Anos se passaram e ela continuava a lembrar daquela garota que um dia bebeu conhaque com ela e disse coisas sobre solidão, medo, poesia e morte. Enquanto ela só ouvia calada e encantada os dizeres com um semblante encantado e assustado. Seu rosto exalava confusão e sincronia. Disse coisas que aprendeu nos livros, na rua, na arte. Falou dos astros, cosmos, urano e Vênus. Da volta que saturno dá no zodíaco vezenquando. Não parava nunca: “Era de peixes está acabando, logo vem aquário, 600 anos, mais revolucionário, pensando sempre nos outros.” E daí, o que restou? A saudade de alguém que sabia das coisas, que chorava, e se destruia. Mas, no fundo, era alguém muito frágil que só queria amor.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Caio Fernando Abreu.

"Sacudir você e dizer que você é um otário porque está me perdendo dessa maneira... A minha ganância por te ter. Sim, eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui mil anos."

Morte Vivencial.

- Estou fazendo igual ela, quando disse que me amava.
- Talvez naquela época ela realmente te amasse, as pessoas mudam.
- Talvez, talvez, talvez, você é cheia de talvezes.
- Talvez você tenha razão.
- Se ela me amava, por que mentiu?
- Por que ela é ser humano e seres humanos são imperfeitos.
- Isso foi clichê demais. Acho que agora vou embora mesmo.
- Eu já fui faz tempo, embora disso tudo.
- Já abri o gás. Vou me retalhar até ficar desfigurado, sorte que tem álcool.
- Meus cigarros estão acabando, estou sem dinheiro para comprar mais.
- Cigarro mata.
- Viver também.

"Só sei viver se for por você (...)"

Sabe aquelas coisas que ficaram guardadas? As fotos, textos e nossas cartas. Hoje toquei nelas e mudei de lugar, guardei no meu coração. Por um tempo ficaram espalhadas pela minha cama, como se fossem rosas bem vermelhas e como se eu pudesse ter o controle sobre o que sentiria quando as tocasse, passei um tempo olhando e sentindo as boas vibrações que haviam em tudo. Em mim, em ti, no que nos ligava e agora não faz mais sentido. Pensei em você como um pássaro livre, deixei tão livre que foi embora. Mas é de ti, meu bem, do teu aquário que não posso deter.
Ando por aí pensando em tudo, em nós, nela, nos fatos, nas intrigas, nos meus livros que não estão mais organizados alfabeticamente. Meus filmes, o que é meu e o que eu não posso ter controle. Como no caso, a vida.

Como se fosse de Gêmeos.

Dentro de mim moram um anjo e um demônio. Como no poema da Bruna, são amigos e bebem dizendo besteira.
O anjo quer ler, dormir, ficar na nostalgia cinza-fria das manhãs solitárias. Odeia barulho alto e agitação exagerada, escreve cartas, cria coisas bonitas e sente saudade de pequenos atos nas pessoas, quer carinho e atenção, faz mapas-astrais e sorri vezenquando. O anjo é Caetano, Renato, Prince Billy. O anjo é escola cedinho, sono de tarde, controle necessário, medo do escuro, cabelo arrumado.
O demônio é tenso, artimanho, veste jaqueta de couro e cospe conhaque. Fede a cigarro
 e a confusão. O demônio é a revolta, a volta pra casa, os amores perdidos por conta de preocupações desnecessárias, a falta de fome causada por certas coisas. O demônio é rocker e o anjo é poeta. Poeta Maldito, mas é poeta. O demônio é a chama, escorpião no meu ascendente, Cazuza, Ginsberg, Caio não sei onde se enquadra, Leminski e Pistols.

O grito é minha poesia, o anjo pode ser poeta, mas a chama maldita é o demônio.

Ana Cristina César.

Aventura na Casa Atarracada

Movido contraditoriamente
por desejo e ironia
não disse mas soltou,
numa noite fria,
aparentemente desalmado;
- Te pego lá na esquina,
na palpitação da jugular,
com soro de verdade e meia,
bem na veia, e cimento armado
para o primeiro a andar.


Ao que ela teria contestado, não,
desconversado, na beira do andaime
ainda a descoberto: - Eu também,
preciso de alguém que só me ame.
Pura preguiça, não se movia nem um passo.
Bem se sabe que ali ela não presta.
E ficaram assim, por mais de hora,
a tomar chá, quase na borda,
olhos nos olhos, e quase testa a testa.