segunda-feira, 23 de maio de 2011

06.05.11 - Ou não.


Ele sabia que um dia esse dia ia chegar, todo mundo dizia: Ela não é mulher para você, ela é livre, leve e solta. E você, o que é? Um poeta tristonho. Mas quando chegou o dia, ele não sabia o que fazer. Ela chegou no horário de sempre, na madrugada, enquanto ele só estava tateando as teclas surdas da máquina de escrever suas palavras de sempre. Ela entrou e não disse nada, abriu o guarda-roupa, pegou umas coisas e colocou numa mochila velha, a maquiagem borrada, o batom quase seco, ela disse: Eu não agüento mais.
Ele não teve tempo de perguntar o que era que ela não agüentava mais, por que logo ela foi dizendo o que parecia estar engasgado nela fazia muito tempo. Disse que não conseguia mais encarar o olhar árduo e seco dele, a falta de carinho, o silêncio, começou a gritar palavras desesperadas, ele continuava sem saber o que fazer, então continuou só a escrever enquanto todo aquele escarcéu romântico-podre-poético estava acontecendo. Uísque no chão, bituca de cigarro tirada da boca e jogada no chão. ESTÁ PRESTANDO ATENÇÃO NO QUE EU ESTOU DIZENDO? Ela começou a jogar na cara dele coisas antigas, como o esquecimento do aniversário de quantos anos mesmo de casamento? Disse também das trepadas desenfreadas com os caras do movimento, Marcos, aquele do moicano, Renato, o da cocaína, tinha também outros, que por sinal, meu deus, trepavam muito melhor do que ele. E nesse tempo todo, o que você fazia, seu filho da puta? Comia as palavras.

Sabe, a vida é sexo em brasa, e, ultimamente só tem uma criatura que anda me comendo: O tempo. 

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