domingo, 19 de junho de 2011

- 2010 foi o melhor ano da minha vida.
- Por que?
- Eu tinha ela, tinha emprego, primeiro livro... Emoções tão bonitas... Doia tão pouco as minhas feridas. Não fumava, bebia raramente, não tomava remédios, não me fechava tanto dentro de mim. Era pura, inocente, achava que as pessoas tinham jeito e que o mundo podia ainda ser bonito...
- E hoje?
- Mal acredito em mim.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O sabor do âmago na língua.

Quis de tudo ser teu apelo
Mais profundo e profano
Saborear teu sexo
Com meu desejo insano
Banhar-me em teu calor
Suor amargo de mulher
Fazer-te ser quem quer
Na carícia de meus braços
Ignorar teus dramas
Dar-te todos meus abraços
Amassos
Numa noite de frio e luar.  

Quis ser o teu medo de perca
A mudança de espírito
Ligação entre o ar e a terra
Quis criar mil artifícios
Para te segurar nas minhas garras
Inventar todas as mentiras
E você cair nas minhas tramas
Fazer-te minha para sempre.

E na contagem irregular dos meus números
Mudar as linhas anuais
Que entrei em contato com tua alma
Quis que você criasse meu sonho
E não fizesse um pesadelo.

"Ver o amor como um abraço curto para não sufocar..."

Vivência perdida, marginalidade estampada, juventude transviada. Inconstante, sentimentos vagos diluídos nas bitucas dos meus cigarros. Amor demais não correspondido, pseudo-correspondido por nunca ter sido realmente alcançado. Meu desejo é pular em cima dela e implorar para me deixar ser o centro de teu corpo, para abrigar teu coração como se fosse a segunda parte dividida em outra essência. O não poder mudar a ordem das coisas é o que mais machuca, não poder invadir os pensamentos do outro e fazê-lo corresponder minha intensa paixão.
Tenho medo da solidão, preciso filtrar todas as emoções. Dentro de mim existe algo que sempre acaba transformando amores em apelos ausentes e imaculados. Queria acreditar que tudo está bem, de verdade, que ao menos vai ficar bem. Mas o recorrer desse ciclo vicioso me cansa e consome.
Que você então vire apenas uma lembrança boa que se pereu no meoi da nostalgia diária, das tentativas falidas de se adaptar a visão distorcida de amor do outro, ao medo da rebelião sentimental e da falta de paciência.
Se é para amar, que seje até o infinito.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Não se pode controlar o que sente.

"Confesso que me dá uma saudade irracional de você. E tenho vontade de voltar atrás, de ligar, de te dizer mil coisas, e cair em suas mãos, sem me importar com nada, simplesmente entregar-te meu coração. Mas não, renuncio, me controlo e digo para mim mesmo que não é assim, que não pode ser, que você se foi, e não volta."

- Caio F. 

Sobre sofrer por amor.

Que espanque o que me resta de carinho e dilua no que me resta de amor.
Foda o que me resta de compaixão. Desligue o que me resta de pensamentos.
Destrua o que me resta de ciúmes, violente o que me resta de futuro.


Cuide do peito de quem te remói.

E me deixe cultivar a ilusão.

Sem fugir.

"Caia na realidade, fada
Olha bem na minha cara
Me confessa que gostou
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro, do meu som
Dos meus toques pra você mudar."

Não se pode mudar o que se sente. 

Faz parte do meu show...

Meu amor...

Te disse tantas coisas que já me esqueci, por pura proteção. Mas, além de dizer, pesaram milhões pela minha cabeça tumultuada, pensamentos estes que não se permitiram sair pela minha boca azeda cheia de medo das circunstâncias, ocorrências dos meus atos quase falidos. Liberdade é uma coisa tola que invade a mente da gente. Queria cantar, mas não consigo, queria atuar, mas não posso. Nasci para ser o roteiro, a platéia, que aplaude mesmo que não goste da peça, para não magoar quem se sentiu exausto com isso.

Sou feita de sentimentos, às vezes acho que o que eu sou hoje é o resultado desse tanto de carinho e afeição que eu sinto pelas pessoas sem me privar, racionar, colocar em segundo plano. Amar pela metade está fora dos meus ideiais, viver de mentiras acrescentado do voar com os pés no chão de um texto do Wilde. Se é para ser, seja. Acrescente a dor ao amor para ser real, para ser vivo e humano.

Cansada de chorar oceanos por amores que não me pertencem, por pessoas feitas para outras que se deixam invadir meu peito e levar coisas boas que estão tão escondidas de mim que não posso tocar e encontrar. Não consigo não vampirizar. 

terça-feira, 14 de junho de 2011

Medo de morrer.


Quando eu não tinha nada, não tinha o que perder, então nunca consegui ter medo da morte. E, por vezes, até desejei cegamente, como se fosse a única forma de me despregar do que estava doendo dentro de mim e que jamais iria embora, pois era firme, fixo, interno e intacto. Não que eu tenha adquirido algo que a perda me doeria infinitamente. Só sinto que minha ausência não traria tantos desconfortos como achei, na minha vã inocência há tempos atrás, que traria. As pessoas mudam diariamente, talvez até por hora. A importância delas vai se esvaindo, sumindo no meio de coisas que são colocadas em maior prioridade. Cartão de crédito, contas de casa, parcelas...
Quando não acreditava em nada que não podia ver, ficava menos paranóica. Me disseram algo sobre Cristãos serem esquizofrênicos por natureza, isso faz muito sentido. E ateus, são o quê? Sempre achei que religião é o início de um monte de problemas do mundo.
Energias ruins me rondam na última semana. Sinto que sou um turbilhão de sentimentos sem divisões exatas nos meios das extremidades, sem definição e controle. Só sinto e só amo, só gosto e só desejo. Isso em doses altas, fortes, decisivas. Não consigo colocar um limite nisso e nem julgar se as conseqüências de certos atos que cometo involuntariamente – ou não – são melhores que os prazeres que o mesmo obtém. Não consigo amar só um pouco, pela metade, sem desejar o inteiro e sem desejar, principalmente, consumir até a última molécula do corpo da outra pessoa. Conhecer por completo, decifrar os enigmas que um cérebro humano pode ter.
Não consigo mais escrever.


domingo, 5 de junho de 2011

Sobre eu mesma.


Com tudo o que me resta de afeição romântico-amorosa pela tua pessoa escrevo-te uma carta fria, seca e sem dor exposta para me proteger do fim. Chove águas lamacentas no meu jardim enquanto acendo outro cigarro e penso no clown mais ridículo do que o normal que é minha mente e tuas visões distorcidas das coisas, nossas visões que juntas recriam o medo de amar.
Não posso agüentar amores pela metade, verdades e mentiras tão confusas que não conseguem ser distintas numa linha tênue de sentimentalismo bobo. Meu amor é preso, poético, monogâmico e verdadeiro, quase extinto. O teu necessita de uma liberdade inexistente quando se ocupa da primeira parte. Amar é ser idiota, imbecil, fútil e vulnerável. Um dia disse para ti que cheguei a um ponto em que você conseguiria me destruir com uma só palavra. Eu cheguei realmente, consegui alcançar o orgasmo romântico de um relacionamento quase (im)perfeito. Em nós você nunca terá esse gosto.
Não se proteja, não se proteja da vida por que ela vai um dia ou outro pular no teu pescoço com suas unhas gigantes e te apunhalar, o amor é fodido, a vida é. Não tenho mais toda aquela visão bonita e Shakespeareana de relacionamentos perfeitos. Só quero salvar a minha, a minha bosta de vida.

Mas eu te amo.
Como a mim.

sábado, 4 de junho de 2011

Fato. 

"Eu quero tudo, TUDINHO, no próximo motel. Por mar, por terra...

Ou via embratel."

E o meu novo nome é: UM ESTRANHO QUE LHE QUER.

- Cazuza.

Sobre ter e não ter.

Nunca te disse, por medo ou revolta, birra ou só folga. Mas tenho medo que você volte, e como eu tenho. Tenho medo da intensidade do meu querer, este só será demonstrado devidamente quando meus olhos poderem tocar os teus e eu relembrar - Não pense que esqueci. - de tudo aquilo que um dia senti (E, Senhor, como tentei me esquecer.). Lembras dos contornos que insistem em me absorver da culpa imaculada e da saudade de te ter.
Passei a pensar devidamente em desistir de tudo, por ti, meu bem. No dia em que pensei que morrer de amor nunca passaria de uma licença poética me veio a prova da mentira, da prova que tudo era falso, que tudo o que dentro de mim fazia o máximo sentido enquanto eu vivia aquilo, de fora era o apice da estupidez humana. Querer e não poder. Ter e não TE ter.
Como poetas cegos e gritam para o mundo VER o que a poesia quer enchergar e não consegue. E era assim, devagar, na mira, no veneno capriconiano com doses leoninas que tentei por tempos ilesos te mostrar o quanto um dia o amor queimou.
E nunca mais cicatrizou.

MALDITO.

"O nosso amor a gente inventa."

Que seja. Palavras sortidas no meio do ilusitado das nossas mentes, palavras criadas e não pensadas antes de serem reproduzidas por nossas bocas sujas antes só caladas ou pronunciadas num silêncio quase intacto e perfeito. Na maioria das vezes o calar das coisas chegam a dizer muito mais do que palavras fúteis criadas pelo ser humano defeituoso.
Precisamos dar nome a tudo, a um sentimento que não tem nome, definição ou espaço no tempo, precisamos dar nome a esse silêncio.
Quando o querer chega ao ápice, orgasmo sentimental e o gozo é quente ainda, chamamos isso tudo de amor, o que resta, sobra, só acrescenta e não retém. Por que NAQUELE momento a outra pessoa vive o mesmo que a gente, partilha os mesmos sonhos & pensamentos, ideais paranormais ou não, só ideias, só palavras, só gostos e formas perdidas no meio de tudo. Quando o tempo passa e isso se diferencia do que era antes... Perde o sentido, a delicadadeza, a sutileza e os modos certos para distinguir o sentimento. Gozo frio. Daí é como se tivesse nunca tivesse existido.

"O nosso amor a gente inventa
  Para se distrair 
  E quando acaba a gente pensa
  Que ele nunca existiu."

 Acende um cigarro. Quer continuar a criar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Crisis.

Sempre acontece.

Puto.

Puto! - Só pensei. Pois de novo ele me olhava com aqueles olhos que dizia tantas, tantas coisas e que dava nome ao silêncio da minha vida. Queria que eu acreditasse que sabia sobre mim coisas que eu desconhecia ou só não queria saber por pura proteção. Eu tinha vontade, Senhor, como eu tinha vontade de gritar para ele parar com todo esse terror incendiário. Tinha, tenho, estou tendo. Mas o maldito me olha de novo com carinho bombardeando meu peito e meus sentimentos, maldito, maldito, puto!
Talvez faça o mesmo só que sem reparar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

É impossível amar e sair ileso.

Os dias carretam uma coisa sem graça, normal, sem sal e nem açúcar, sem poesia e sem nenhuma novidade. Isso dói, não tanto, só traz a inércia que permanece em tudo o que eu penso. Consigo prever muita coisa, muitas atitudes dos outros e de mim. Queria uma coisa nova, com sabor diferente que me fizesse ter vontade de continuar a remar, como dizia o Caio, Re-amar.
Talvez eu goste das partidas, quando caem. Os laços quando se quebram no ápice, por que no fundo essa é a única maneira de manter um sentimento para a eternidade: Quebrando no ápice, rompendo quando está enorme. Apaixonável e poético.


Eu quero outra coisa.