terça-feira, 14 de junho de 2011

Medo de morrer.


Quando eu não tinha nada, não tinha o que perder, então nunca consegui ter medo da morte. E, por vezes, até desejei cegamente, como se fosse a única forma de me despregar do que estava doendo dentro de mim e que jamais iria embora, pois era firme, fixo, interno e intacto. Não que eu tenha adquirido algo que a perda me doeria infinitamente. Só sinto que minha ausência não traria tantos desconfortos como achei, na minha vã inocência há tempos atrás, que traria. As pessoas mudam diariamente, talvez até por hora. A importância delas vai se esvaindo, sumindo no meio de coisas que são colocadas em maior prioridade. Cartão de crédito, contas de casa, parcelas...
Quando não acreditava em nada que não podia ver, ficava menos paranóica. Me disseram algo sobre Cristãos serem esquizofrênicos por natureza, isso faz muito sentido. E ateus, são o quê? Sempre achei que religião é o início de um monte de problemas do mundo.
Energias ruins me rondam na última semana. Sinto que sou um turbilhão de sentimentos sem divisões exatas nos meios das extremidades, sem definição e controle. Só sinto e só amo, só gosto e só desejo. Isso em doses altas, fortes, decisivas. Não consigo colocar um limite nisso e nem julgar se as conseqüências de certos atos que cometo involuntariamente – ou não – são melhores que os prazeres que o mesmo obtém. Não consigo amar só um pouco, pela metade, sem desejar o inteiro e sem desejar, principalmente, consumir até a última molécula do corpo da outra pessoa. Conhecer por completo, decifrar os enigmas que um cérebro humano pode ter.
Não consigo mais escrever.


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